Em Destaque # 11- "'Macunaíma tem uma preguiça primordial', diz José Miguel Wisnik
"Macunaíma tem uma preguiça primordial, que é aquela que ocorre antes mesmo do esforço. Uma preguiça de quem nem sequer trabalhou." Foi com essa frase que o compositor e acadêmico José Miguel Wisnik abriu sua paletra, "Ócio, Labor e Obra", hoje pela noite, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo.
A palestra faz parte do ciclo "Mutações - Elogio à Preguiça", que ocorre até 7 de outubro, também no Rio, Brasília e Belo Horizonte. O ciclo ainda terá palestras de Francisco Bosco, Maria Rita Khel e Vladmir Saflate, entre outros.
Wisnik destrinchou "Macunaíma", obra maior de Mario de Andrade, famosa pelo bordão "Ai, que preguiça!" do protagonista. "Assim como não foi Shakespeare quem inventou Hamlet e Goethe quem inventou Fausto, pois ambos os personagens já existiam em contos alheios, Mario de Andrade não inventou Macunaíma. Na verdade, Macunaíma, é uma síntese de tudo o que ele estava pesquisando."
O acadêmico contou que Mario de Andrade até chegou a ser acusado de plágio pela obra. "Mas quando acusado, o ele dizia que havia plagiado o Brasil", brincou.
Wisnik apontou que Macunaíma, vivido por Grande Otelo no cinema, padecia de uma preguiça seletiva. "Macunaíma é retardado para o que dá trabalho, e precoce para o que dá prazer. É como se Mario de Andrade oscilasse entre ter uma visão positiva e negativa do personagem." Segundo Wisnik, a história serve de alegoria "ao modo de entrada do brasileiro no processo de modernização. Se o Brasil permanece Brasil, não se moderniza. Se o Brasil se moderniza, deixa de ser Brasil".
O acadêmico também falou sobre Oswald de Andrade, repetindo, em grande parte, a palestra que dera na abertura da Flip de 2011.
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