[Resenha] A mais pura verdade - Dan Gemeinhart - @NovoConceito
Drama - eis um gênero literário que me fascina. Há quem não curta uma boa história de amor, daquelas bem dramáticas e repletas de clichês do início ao fim, ainda que exista uma boa parcela da população que diga que de coisa dramática já nos basta a vida. Mas é exatamente aí que tudo conspira a favor de uma boa história dramática. Você pode pensar que A mais pura verdade se inclua nesta descrição, mas eu digo que existem fatores que tornem sua narrativa ainda mais interessante.
Em seu romance de estreia Dan Gemeinhart nos apresenta um romance digno de aplausos e reverências. Elogios rasgados à sua escrita cabem perfeitamente. Já que é pra elogiar que façamos direito.
Preparem-se para emoções fortes na
companhia de Mark, um garoto de apenas doze anos que enfrenta desde os cinco
uma doença devastadora. Cansado da rotina incessante de exames hospitalares e
todos os sintomas que a doença lhe traz, Mark decide encarar a maior aventura
de sua vida. Apesar da grave doença que lhe atormenta, Mark não é daquele
típico personagem que tem aos montes por aí. Por mais que soframos junto com
ele devemos reconhecer o quanto o garoto é valente e persistente em relação aos
seus objetivos.
A doença de Mark sempre o levou a condições muito difíceis.
Coisas como ir à escola, brincar ou correr sempre exigiam muito de si, mas
apesar de tudo, Mark sempre tivera ao seu lado duas pessoas muito importantes
que amenizavam toda sua dor. Jessie, sua melhor amiga sempre estivera ao seu
lado nos momentos mais difíceis da doença. Era ela a pessoa que Mark mais
admirava. Contudo, Mark era um garoto de muita sorte, apesar dos pesares. Sabe
aquela máxima de que o melhor amigo do homem é o cão, pois então, aqui ela se
confirma e tem nome: Beau - o amigo cão fiel e companheiro.
É ao lado de Beau que Mark decide embarcar
na maior aventura de sua vida. Mark decide escalar o Monte Rainer - uma das
maiores montanhas da região. Se escalar uma montanha em condições normais já nos
parece impossível, imagina escalá-la com sua saúde debilitada e com apenas uma
câmera fotográfica, um caderno e uma caneta para anotações e algumas barras de
cereais. Coragem deveria ser o sobrenome de Mark.
O engraçado é que apesar da história ter
um fundo dramático o autor não quis que ficássemos lamentando pelo destino do
personagem. Mark vai conquistando nossa admiração a cada obstáculo, a cada
situação de risco durante sua aventura. Acho que se fosse o contrário, se Mark
nos demonstrasse fragilidade ou até mesmo imaturidade em relação a suas
atitudes, possivelmente a história não teria dado tão certo.
É justamente a coragem e presteza do
personagem que faz com que torcêssemos tanto por sua vitória. É difícil
imaginar que algo desse tipo pudesse realmente acontecer já que estamos falando de ficção,
mas a narrativa de Dan faz com que tudo tenha um sentido, que a relação
realidade e ficção sejam tão tênues.
Durante a apresentação dos capítulos vamos
conhecendo um pouco sobre os sentimentos pela ótica dos personagens principais.
O autor decidiu contar a história como se estivesse contando a trajetória em
quilometragem. A cada progresso o autor apresenta-nos uma quebra na narrativa
para expor a visão de Jessie e Mark, assim vamos tomando conhecimento de
algumas situações que envolvem a escolha de Mark até o momento em que ele
decide sair de casa rumo a Monte Rainier.
Apesar de o livro ter como personagem
central um menino e um cão não se deixe enganar por sua simplicidade aparente.
A mais pura verdade vai lhe emocionar com lições de amizade, lealdade,
companheirismo, perseverança e muita determinação. Dan Gemeinhart vai lhe
conduzir a um universo onde as emoções mais singelas se tornam o pilar de nossa
existência. A amizade construída com Beau, seu amigo cão é um dos motivos pelo
qual você não desejará largar o livro nem por um minuto sequer. A participação
de Jessie não é tão expressiva quanto à de Beau, mas nem por isso, os capítulos
narrados por ela deixarão de arrancar lágrimas. Eu não diria que o livro é
daqueles que faz você chorar litros, mas é exatamente por isso que ele é tão
especial. A narrativa emocionante e peculiar de Dan irá lhe cativar desde o
primeiro parágrafo.
Ao longo de sua jornada Mark nos apresenta
algumas de suas reflexões em relação a sua vida e a tudo que lhe atormenta. Ao mesmo
tempo ele deixa no ar perguntas e afirmações tão singulares que provavelmente
qualquer um de nós já tenha feito.
"A vida é um saco. Essa é a mais pura verdade. Mais uma coisa que eu não entendo: por que todo mundo sempre tenta fingir ser o que não é?"
Já que o livro é consideravelmente curto
possuindo 217 páginas dá pra se ter uma noção de como a história passa
rapidamente diante de seus olhos. E se você se permitir entrar de cabeça nessa
aventura aparentemente insana de Mark tenho certeza que você fará de tudo para
adiar o término dessa linda e comovente história. A mais pura verdade é aquele
típico livro que irá figurar facilmente entre os mais lidos do ano graças à
narrativa envolvente e bem construída do autor.
É aquele tipo de livro que a
gente começa marcando todos os quotes que achamos relevantes e, que ao final da
leitura percebemos que só não utilizamos alguns post-its como todos da cartela.
Sem recorrer a firulas tão recorrentes utilizados em narrativas desse gênero
Dan Gemeinhart coloca A mais pura verdade no topo dos livros mais emocionantes
dos últimos tempos. Com maestria Dan nos oferece uma história repleta de fortes
emoções onde os sentimentos mais verdadeiros merecem o destaque.
"O mundo inteiro é uma tempestade, eu acho, e todos nós nos perdemos em algum momento. Vamos atrás de montanhas no meio das nuvens para que tudo pareça valer a pena, como se isso tivesse algum significado. E, às vezes, nós a encontramos. E seguimos em frente.
A relação de afeto e preocupação dos pais de Mark também se fazem presente ao longo da narrativa ainda que em menor escala, tendo em vista, que o foco principal da história é contar a aventura vivida por Mark e seu cão Beau. Aliás, se por um acaso você for uma daquelas pessoas apaixonadas por cães preparem-se para muitos suspiros ao longo da narrativa, já que Beau é o cão mais adorável e fofo de todos. Se não fosse por ele certamente Mark seria um garoto bem chato e amargo. E por esse motivo deve-se levar em consideração a importância do personagem. Beau é a cereja do bolo, acredite!
Em suma, gostaria de dizer o quanto a
leitura do livro foi importante para mim. Pude sentir e internalizar questões
já tão banalizadas por conta da correria do dia-a-dia. Histórias como a de Mark
acontecem aos montes por aí e muitas outras já foram contadas por autores
renomados. Mas o grande diferencial de A mais pura verdade é a sua
simplicidade. É a maneira como cada conflito foi colocado e costurado na
história. O livro possui uma magia diferente e faz com que ele seja tão
recomendado. Pelo menos de uma coisa eu tenho certeza: em algum momento você
irá se imaginar arrumando a própria mala. Que caminho percorrer? O que levar na
mala? O que eu estou buscando? Qual o sentido disso tudo?
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre
as inspirações que o autor utilizou para construir sua narrativa pode conferir
vários vídeos que o próprio Dan apresenta aos leitores. (link aqui)
Sintam-se convidados a se juntar a legião
de fãs de Mark e Beau mundo a fora. Aplausos calorosos para Dan Gemeinhart, por
favor!
Me acompanhe também nas redes sociais: Facebook ♥ Twitter ♥ Instagram ♥ Skoob ♥ Google+







1 comentários
Oie
ResponderExcluirVejo todo mundo falando super bem sobre este livro. Fico curiosa cada vez que leio uma resenha, parece emocionante. Quero ler.
Beijos
Obrigada pela visita! Sua participação é muito importante.