|Resenha| Cidades de Papel - John Green @intrinseca

by - terça-feira, julho 14, 2015


Estou definitivamente exausta. Meu cérebro está fritando e meu estado de espírito não é dos melhores após a longa jornada percorrida com Quentin Jacobsen em busca de Margo Roth Spiegelman e suas respectivas cidades de papel.

Essa é minha primeira experiência com John Green e, isso eu não tenho vergonha de admitir, já que pelo menos metade da população deve ter lidos pelos menos um de seus livros. Mesmo na época em que o filme A culpa é das estrelas foi anunciado eu não tive o mesmo interesse. Já não sei explicar o motivo pelo qual fiquei tão interessada em ler Cidades de Papel. Talvez, a própria divulgação massiva da mídia ou quem sabe a vinda do autor ao Brasil. O fato é que me sentia uma herege por não ter lido nenhuma obra do autor. 


Muitos diziam que a escrita de John Green era excepcional e, nesse ponto eu hei de concordar. A escrita do autor é realmente fabulosa, tão fabulosa que em certos momentos fiquei meio perdida em meio a tantas metáforas. Aliás, se existe algo que o autor utiliza demasiadamente são as metáforas. Eu não tenho nada contra essa utilização, mas John Green chega a ser irritante com tantas metáforas para definir o desequilíbrio emocional no qual Margo se encontra. Falando em Margo, eu preciso me pronunciar. Que garota chata! Putz! Minha vontade é xingá-la com todas as minhas forças, mas vou tentar me conter, até porque eu correria um sério risco de ter a resenha censurada.

Quentin é outro bocó. Que garoto mala! Chato, sem sal, lerdo, sem atributos. Felizmente, seus amigos Radar e Ben surgem para equilibrar as coisas. O que seríamos de nós se não existissem os personagens secundários? Apesar de que, não se pode dizer que nenhum dos dois poderiam se classificar como tal, já que ambos participam diretamente na incansável busca a Margo.

O mote principal é bem simples. Quentin e Margo se conhecem desde os dois anos de idade. Cresceram praticamente juntos. E desde então Quentin alimentava certo fascínio por Margo, mas foi aos dez anos de idade que Q. percebeu o quanto a presença de Margo o atormentava. Foi nessa época que Margo e Quentin encontraram um homem morto durante uma caminhada no parque. Essa cena marcou a vida dos dois, mas principalmente a de Quentin que guardara a explicação de Margo para a atitude do homem que se suicidara. Margo acreditava que os “fios” que conectavam a vida do tal homem tinham se rompido e por isso, ele decidira cometer tal atitude. Entre especulações damos um salto na narrativa para o último ano do ensino de médio. Agora, Margo e Quentin pertencem a grupos bem diferentes. Enquanto Margo é a garota descolada, idolatrada na escola por todos, Quentin é o garoto inteligente e certinho do grupo a qual pertence. Sua turma se resume a companhia dos amigos Ben e Radar.

Quentin idealiza Margo como a garota perfeita, aquela que possui uma vida perfeita, sem problemas. O amor platônico por Margo é tão insano que Quentin realmente acredita que Margo é o seu Milagre. (isso é muito surreal!)

O fato é que Margo decide fazer justiça após descobrir algumas traições de seus amigos e, para que seu plano fosse executado ela precisa do bocó principal.

Passar uma noite ao lado de Margo significa alcançar o paraíso para Quentin, ainda que ele não concorde inicialmente com as insanidades de Margo, mas como todo garoto apaixonado que se preze Quentin segue os planos de Margo. Passada a euforia Quentin acredita que as coisas com Margo irão mudar, mas é aí que ele e todos os mortais se enganam (isso é tão óbvio!)

Já nos primeiros capítulos John Green deixa explícito que ele não tem a intenção de escrever uma história “melosa e dramática” de amor. Margo e Quentin representam um antagonismo evidente. Não há semelhanças, nem química, não há nada que o leitor possa se prender para dizer: Ah! Que casal fofo! Eles têm que ficar juntos para sempre! Não. Definitivamente não é essa a intenção de John. A proposta do livro é justamente focar a amizade como valor principal que segue na contramão dos romances melodramáticos. 

Prova disso é a odisseia vivida por Quentin, Ben, Lacey e Radar em busca do paradeiro de Margo. Após cumprir com seu destemido plano de justiça Margo simplesmente evapora deixando Quentin completamente desnorteado. Sumir e deixar pistas para que alguém a encontrasse faz de Margo uma pessoa muito esquisita. Se alguém some do nada é porque não quer ser encontrada? Bem, essa lógica não funciona para Margo.
E as cidades de papel? Onde elas estão? O que significam?


Bem, para solucionar esse emaranhado de linhas tortas e sinuosas o leitor terá que ser paciente, caso contrário, é possível que nunca mais você queira ouvir a palavra "papel". 

Confesso que lutei contra o monstro da rebeldia que vive dentro de mim para não abandonar essa leitura. Eu precisava ser forte para criar uma conexão com os personagens. Mesmo antes de iniciar a leitura alguns leitores me confidenciaram que esse não era o melhor livro do autor, mas como sou teimosa decidi arriscar. Não quero dizer que não há nada que possa ser aproveitado. 

Existe sim, uma mensagem bem legal. John Green utiliza de metáforas e obras clássicas para elucidar a ideia que construímos a respeito de algumas coisas. Por exemplo: é válido destacar que idealizamos as pessoas como gostaríamos que elas fossem, mas sabemos que não é bem assim. Só que Quentin descobriu isso da pior maneira, ou não. A busca por Margo representa muito mais para Quentin do que o contrário. 

A única coisa que realmente me incomodou foi a construção mirabolante que John Green executou ao longo da narrativa. Fico imaginando o quanto sua pesquisa foi complexa e demorada para a realização dessa história. O próprio John Green diz que Cidades de Papel é uma história verídica. Em boa parte as coisas realmente aconteceram. A descoberta de lugares que não existem e todos os meandros para chegar a certos destinos foram percorridos por ele e um amigo durante o terceiro ano de faculdade. 

Chego à conclusão que John Green não tinha muito que fazer. Assim como Quentin, John Green devia ter uma vida muito monótona :( 

De qualquer maneira devo dizer que todo esforço é válido se você estiver disposto a aceitar o inevitável; que assim como Margo, John Green não é esse escritor supergalático que muitos insistem em idolatrar. Até ele dá suas escorregadas. Para alguns, Cidades de Papel é algo extraordinário, para outros, somente um livro com muitas rotas e metáforas entediantes. Cabe a você, leitor decidir-se para qual lado deve seguir. 

Mesmo após essa sofrível jornada quero dar uma chance ao filme. Algo me diz que suas adaptações podem ser bem mais interessantes.


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Sinopse: O adolescente Quentin Jacobsen tem uma paixão platônica pela magnífica vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman. Até que em um cinco de maio, ela invade sua vida pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E, ele, é claro, aceita.



Título: Cidades de Papel
Autor: John Green
Editora: Intrínseca
Páginas: 361

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4 comentários

  1. Eu queria ler o livro mais por ter me interessado no filme, pois pelo livro em si nunca dei muita bola :/
    Beijão!

    Sorriso Espontâneo

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  2. Oii, tudo bom?
    Ainda não li o livro, mas as resenhas que ando lendo também não me empolgam tanto, acho que vou assistir ao filme primeiro isiausiau
    Um beijo.
    Garota do Livro

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  3. Zilda, obrigada, obrigada por você ser você!

    Eu me senti uma alienígena quando li ACEDE e... não gostei, achei supervalorizado e que não era TUDO aquilo que o povo comentava, daí dei uma chance ao filme e, para minha surpresa eu amei a adaptação, embora não tenha gostado tanto do livro. Reconheço que John Green tem uma escrita bonitinha, mas não é excepcional, existem muitos outros escritores bons que infelizmente caem no anonimato...
    O fato é que desde que li ACEDE eu me traumatizei um pouco e não dei chance a nenhum outro livro do autor, embora eu tenha todos. rsrsrsrs... Não estou com 'saco' para os livros dele...

    Contudo o autor, putz, o cara é simplesmente simpático, fofo e engraçado... ganha em simpatia o Oscar... Hahahahaha

    Que bom poder compartilhar da mesma opinião que a sua: John Green é supervalorizado mesmo não sendo a ultima coca-cola do supermercado.

    xoxo
    Mila F
    @camila_marcia
    www.delivroemlivro.com.br

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  4. Corajosa. Li ali "361" páginas? Tô fora.

    Lembro que quando li Will e Will, minha vontade era de pular todo capítulo escrito pelo John e ler somente as maravilhas escritas pelo David. É sem dúvida um dos escritores mais superestimados que já vi. Claramente se percebe as repetições, os excessos de metáforas, a falta de ideias com que ambientar sua história... Um lixo. Obrigado pela resenha sem meias palavras. Me representou em muitos momentos. <3

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