Reverie #13: Um pouco do que somos

by - quarta-feira, fevereiro 29, 2012















Já lhe pediram para citar três qualidades? E três defeitos? É difícil, mas não impossível, ou melhor, é impossível escolher alguns poucos dentre tantos, mas é muito fácil. Como? Bem simples. Para as qualidades, devemos escolher alguém que amamos muitos, mas tem que ser muito mesmo, alguém com quem nos identificamos como se estivéssemos olhando no espelho e tivéssemos disposto o suficiente para distribuir todas as qualidades e virtudes. Pronto, está aí os seus valores diante aos olhos do mundo. Nós somos medidos conforme a gente dá. 

E como identificar os defeitos? Mais fácil ainda. Temos por péssimo costume de sempre querermos nos apresentar de forma perfeita. Não conseguimos assumir as nossas falhas e criamos uma bolha de “moralismos” de plástico que nos envolve e protege, porém esquecemos que uma hora estoura. O homem ainda quer ser um deus e ninguém pode se opor. E começa aí a desmistificação do ser humano perfeito, pois para se manter a um nível superior aos outros, vamos criando inverdades – pode até ser verdade para quem fala, mas nem sempre é sobre quem estamos falando, aquele joguinho subjetivo ainda deve ser respeitado –, falamos mal, encontramos defeitos e boom, enxergamos nos outros um pouco de nós mesmos. 

Seguindo a expressão, ‘a boca fala do que o coração está cheio’, identificamos o ponto pelo qual encontramos nossas piores falhas. O que costumamos dizer a respeito dos outros, tudo aquilo que nos incomoda na maioria das vezes, significa que temos muito daquilo. A gente enxerga nos outros tudo o que sobre em nós mesmos e por sobrar, somos capazes de gritar por todos os cantos aquela falha, para que a nossa não venha a ser desmascarada. Pode até ser que o outro não presta, mas nós diante o espelho, sabendo o que somos de fato, também não prestamos tanto assim. 

Não somos obrigados a amar ninguém. Entendo aquela evangelium maximus que se deve “amar ao próximo” como algo mais ligado a “respeitar o outro”. Amor é para quem a gente quer dar. Desse modo temos que tomar a consciência, mesmo que a força de que não somos deuses, muito menos perfeito. Melhor mesmo é acreditar que estamos nos moldando, melhorando (ou piorando) diariamente e nesse sentido, o que falamos a respeito de um ser alheio, diz muito de nós. Adeus sonhos de super-heróis. Não adianta se esconder por detrás de nada, pois a palavra proferida é nossa pior, ou melhor, ou parcial atestado e é a partir dele que nossas qualidades ou defeitos ganham suas determinadas proporções. 
Kleberson M. 

Sobre o autor:
Kleberson M. (Kleberson Marcondes) é de Pindamonhangaba/SP, nascido em 1989. Estudante Técnico Jurídico no Centro Paula Souza. Amante de Nietzsche e apaixonado por F. Scott Fitzgerald, carrega ainda uma paixão avassaladora por Nirvana, Pitty, Cazuza e Janis Joplin. Sonhador convicto encontra no ofício de escrever, uma válvula de escape para expressar aos poucos como enxerga o mundo, as pessoas, os detalhes. Encontra nas crônicas o evangelho do ser humano contemporâneo, nos contos a fantasia que as pessoas esqueceram e na poesia, notas e partituras, o meio da existência. Filho do mundo, poeta dos incoerentes e observador dos devaneios, já que isso é onde todos se encontram.





Vocês querem conhecer mais sobre o autor.
Visitem seu blog: Kleberson M. ou adicione ele no twitter: @klebersonm__

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Bjs!!!

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2 comentários

  1. Gostei o texto, fala um pouquinho da nossa realidade, muito bom mesmo.

    Luana
    lendoaoluar.blospot.com

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  2. Ótimo texto, Kleberson. Fez-me refletir sobre muitas coisas. Engraçado, aplica-se perfeitamente a algo que aconteceu ontem e me deixou magoada. Agora, pergunto-me se não possuo os mesmos defeitos que os colegas, os defeitos que me deixaram tão triste. Não quero possuí-los. Hora de pensar e melhorar. É fácil demais acusar os outros e não olhar para si. :)

    Abraços,

    Fátima Menezes - @fatimamd - http://recantodecaliope.blogspot.com

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