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|Resenha| Dois Garotos Se Beijando - David Levithan @galerarecord

by - terça-feira, julho 07, 2015


Toda vez que fico sabendo que David Levithan vai lançar livro novo eu já fico como? Doida, eufórica, completamente entusiasmada diante uma nova chance de conhecer mais uma de suas obras-primas. Porque vocês sabem, Levithan é vida!
Acompanho o trabalho do autor desde o primeiro livro lançado no Brasil e, até hoje, não há nenhum livro que tenha me decepcionado. Por isso, ao saber da existência de Dois Garotos se Beijando eu tive certeza que, este, seria mais um grande sucesso do autor. É uma equação simples: personagens reais, uma discussão sobre assuntos relevantes e uma escrita simplesmente encantadora. O resultado? Um GRANDE livro. Daqueles que nos deixam sem palavras, capaz de despertar sentimentos nobres no mais duro dos corações.


Nunca se falou tanto em sobre preconceito, bullying, racismo, intolerância como nos dias de hoje, mas ainda que certos assuntos estejam tão em voga, sabemos que muitos ainda resistem a encarar as coisas como elas são. Primeiramente, vamos deixar nossas convicções e dogmas de lado para simplesmente falarmos sobre amar. Pois essa é a proposta de Levithan: falar sobre o amor na sua forma mais sublime. É assim que devemos o encarar. Dois Garotos se Beijando é um livro que vai muito além da questão da homossexualidade. O mote principal é expor os sentimentos que cada um dos personagens vive ao longo da narrativa.

“Nossos beijos eram sísmicos. Quando vistos pela pessoa errado, podiam nos destruir. Quando compartilhados com a pessoa certa, tinham o poder da confirmação, a força do destino.”

Quero chamar a atenção para o narrador. Aqui, são os espíritos que narram a histórias, homens homossexuais que já morreram em decorrência da AIDS. Nota-se que esses espíritos viveram no século passado e, hoje transmitem suas experiências com os meninos que protagonizam a história. É possível perceber a transposição do narrador, ora onipresente ora onisciente. Essa transição é primordial para que o leitor consiga compreender todas as histórias apresentadas.

O livro não possui uma separação de capítulos como de costume, mas isso não compromete em nada o desenvolvimento da narrativa, pelo contrário. As histórias de Craig e Harry, Avery e Ryan, Neil e Peter, Cooper e Tariq possuem uma semelhança. Cada um vive um conflito interno e por serem apenas adolescentes ainda não possuem a experiência necessária para enfrentar as dificuldades que encontrarão adiante. O recorde mundial no qual Craig e Harry tenta alcançar é uma representação simbólica para questões bem mais sérias e profundas, por isso, não vire a cara ou julgue o livro pelo nome sem ao menos reconsiderar a sua importância. 

Em tempos de tanta intolerância esse livro é leitura obrigatória. A sensibilidade de Levithan me encanta profundamente. Foi genial escrever a narrativa sobre o ponto de vista de homens que já morreram por causa da AIDS. Os espíritos ainda que não estejam participando diretamente da narrativa interagem com o leitor. A todo o momento eles nos revelam o quanto suas escolhas os afetaram. Contudo, como espíritos eles nada podem fazer para alertar os garotos em relação as suas próprias escolhas.

"É difícil parar de ver seu filho como seu filho e começar a vê-lo como ser humano. É difícil parar de ver seus pais como pais e começar a vê-los como seres humanos. É uma transição bilateral, e pouquíssimas pessoas conseguem fazê-la com tranquilidade".

É impressionante como Levithan constrói seus enredos. Seus personagens são reais e as histórias comoventes. Na alternância dos parágrafos vamos conhecendo as histórias de Harry e Craig e o que os levou ao desafio do beijo. A história de Avery e Ryan é linda e comovente, assim como o desespero de Cooper em tentar encontrar algo que o defina. O caso de Tariq é ainda mais arrebatador capaz de arrancar lágrimas do leitor instantaneamente. Já Neil e Peter vivem momentos diferentes e, por isso é difícil se posicionar. Enfim, todas as histórias mexem diretamente com o nosso coração. É difícil imaginar que hoje, em pleno século XXI as pessoas ainda ajam com tanto preconceito.

"O mundo está cheio de pessoas que pensam que diferente é sinônimo de errado".

Mais uma vez Levithan impressiona com sua sensibilidade em tratar de um tema tão polêmico. Na verdade nem sei bem se devo chamar o amor de tema polêmico, pois este, não deveria ser. Se as pessoas enxergassem o outro como seu semelhante muitas guerras, sejam elas veladas ou declaradas, certamente seriam evitadas.


Dois Garotos se Beijando é pura magia, é mais um daqueles livros que nos faz refletir sobre o nosso posicionamento. Sonho com um dia que o preconceito seja apenas uma palavra caída em desuso. Que se não todos, pelo menos uma boa parte da sociedade entenda que sem amor nada faz sentido.

"Há a esperança de que o mundo fique menos idiota, menos arbitrário com o passar do tempo".


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Sinopse: Baseado em fatos reais e em parte narrado por uma geração que morreu em decorrência da Aids, o livro segue os passos de Harry e Craig, dois jovens de 17 anos que estão prestes a participar de um desafio: 32 horas se beijando para figurar no Livro dos Recordes. Enquanto tentam cumprir sua meta — e quebrar alguns tabus —, os dois chamam a atenção de outros jovens que também precisam lidar com questões universais como amor, identidade e a sensação de pertencer. 



Título: Dois Garotos Se Beijando
Autor: David Levithan
Editora: Galera Record
Páginas: 224

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2 comentários

  1. Olá Zilda,

    Levithan é vida, como vc mesma diz.
    Acho incrível que nos livros dele aborda assuntos pertinentes e de forma que não está julgando ninguém, pelo contrário, está mostrando outros lados da história. Isso é fascinante. Para completar tem essa narrativa fabulosa que só o escritor tem, fantástico, conseguimos entrar dentro do livro e ver que qualquer tipo de relacionamento é lindo se há amor e respeito.

    xoxo
    Mila F.
    @camila_marcia
    www.delivroemlivro.com.br

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  2. Oi Miga
    Já li várias resenhas deste livro, mas a sua é sempre especial porque traz novos pontos da história que eu desconhecia.
    Este autor é fantástico, também gosto muito!!
    Estou louca para ler.
    Super beijo

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